Relato do encontro com apresentação das mestras Leila Gapy, Gisele Gabriel e Georgia de Mattos
Por Bruna Emy Camargo
O afeto continua a permear os encontros do Grupo de
Pesquisa em Narrativas Midiáticas (Nami) da Universidade de Sorocaba. No
segundo encontro do ano, realizado em 27 de maio, uma segunda-feira já com cara
de inverno, alunos de graduação e pós-graduação e egressos reuniram-se no
auditório do bloco D da Cidade Universitária para prestigiar a fala de três
queridas mestras formadas pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e
Cultura da Uniso.
“O mais legal é que agora elas são doutorandas da
casa”, anunciou a Prof.ª Dr.ª Monica Martinez, com um brilho de orgulho nos
olhos, durante a abertura do encontro. Uma sensação de retorno ao lar espalhou-se
pelo ambiente, que então acolheu a fala das mestras Leila Gapy, Gisele Gabriel
e Georgia de Mattos.
Leila começou apresentando os resultados da
dissertação “Ponto e Vínculo – Jornalismo Literário e Reportagens Seriadas”,
orientada pela Prof.ª Dr.ª Monica Martinez e defendida em novembro de 2018. O
título foi a primeira curiosidade que ela contou: “Foi numa noite de insônia.
Eu estava procurando um título e pensei em como as reportagens seriadas são, na
verdade, histórias sem fim. Não um ponto final, um ponto e vírgula, porque
continuam. Um ponto e vínculo”, lembrou.
Leila Gapy |
Em seguida, a mestra deu espaço para destacar a rede
de pessoas que a ajudaram no percurso da pós-graduação – família, amigos e
professores. Diversos rostos sorriram para os presentes quando fotos foram
apresentadas nos slides. “Os vínculos”, pontuou Leila.
Então a mestra deu continuidade a explicação. Sua
pesquisa consistiu em “observar, no contexto dos estudos de Jornalismo
Literário, como está sendo desenvolvida a produção de Reportagens Seriadas na
imprensa escrita brasileira da contemporaneidade”. Para tanto, ela analisou
seis reportagens seriadas – uma de cada região do País mais uma local – e
listou os elementos do Jornalismo Literário ali encontrados, assim como entrou
em contato, quando possível, com os jornalistas e veículos de comunicação
responsáveis.
“Existe uma certa falta de comunicação entre a
produção e a publicação das reportagens seriadas”, destacou Leila. Segundo a
pesquisadora, nem sempre os trabalhos jornalísticos ganhavam espaço nas capas
dos jornais ou nas chamadas em redes sociais, mesmo que os jornalistas tivessem
criado boas matérias – muitas vezes durante longo tempo e conciliando com a
rotina de uma redação de jornal diário ou ainda saindo de licença para dedicação
exclusiva.
Gisele Gabriel foi a segunda a se apresentar. Com o
título “Narrativas Ambientais: reflexões a partir da comunicação pública sobre
o programa Município VerdeAzul em Sorocaba”, a mestra defendeu a dissertação,
orientada pela Prof.ª Dr.ª Miriam Cristina Carlos Silva, em fevereiro deste
ano. No encontro, ela revelou os resultados do estudo que observou “a comunicação pública realizada na cidade
de Sorocaba, por meio das campanhas e matérias jornalísticas sobre o Programa
Município VerdeAzul”.
Gisele contou que, em 2016, Sorocaba alcançou o 7º
lugar no ranking desse programa estadual que incentiva práticas mais
sustentáveis nos municípios. Assim, ela quis investigar a narrativa criada a
respeito. Seria uma abordagem poética?
Gisele Gabriel |
A mestra analisou uma peça da comunicação pública
veiculada em vídeo e diversas matérias jornalísticas disponibilizadas no Jornal
Cruzeiro do Sul. “Percebemos que era só informação”, explicou. “Queríamos ir
para o lado do poético, mas não tinha poético”.
Gisele encontrou resultados diferentes do que esperava
durante a dissertação, mas decidiu não parar de buscar a poesia na comunicação
– animada, avisou que é o que continuará estudando no doutorado. “Defendemos
uma abordagem pelo sensível, pelo poético, que possui a capacidade de comunicar
e transformar a maneira como percebemos o mundo”, disse.
Por fim, a mestra Georgia de Mattos, que desde março
compõe a primeira turma de doutorado do programa, apresentou os resultados de
sua dissertação “A produção de sentido da transexualidade na telenovela A Força
do Querer: uma análise comunicacional a partir do Circuito da Cultura”,
orientada pela Prof.ª Dr.ª Tarcyanie Cajueiro Santos e defendida em 2018.
Georgia de Mattos |
Sua pesquisa teve como objetivo “entender a
representação da transexualidade na telenovela” de Gloria Perez, autora da TV
Globo conhecida por aproveitar o potencial socioeducativo do produto midiático.
Utilizando a metodologia do Circuito da Cultura, Georgia fez uma fundamentada
análise com foco na personagem Ivana/Ivan.
A pesquisadora deleitou-se ao falar sobre sua base
teórica – Judith Butler, Berenice Bento e Marcia Tondato –, reforçando a
importância em garantir a consistência do texto. Ainda, Georgia respondeu
diversas perguntas do público presente, curioso em saber mais sobre o tema
“gênero”, assim sobre como a emissora Globo tratou o tema em sua publicação. “A
narrativa conduziu a entrar na lógica”, explicou.
As mais de duas horas de conversa passaram rapidamente
– assim como todo bom encontro de amigos – e logo a Prof.ª Dr.ª Monica Martinez
já levantava novamente para o encerramento. “A propriedade com que nossas
mestras apresentaram foi bem gostoso de ver”, afirmou. Depois, fez o lembrete
de que as inscrições para o XIII Encontro de Pesquisadores em Comunicação e Cultura
e II Encontro Internacional de Pesquisadores em Comunicação e Cultura,
realizado pela Uniso nos dias 23 e 24 de setembro, encerram-se no próximo dia
14 de junho. A novidade deste ano é que as inscrições são gratuitas.
A clássica foto do grupo foi então tirada – “não no
paredão branco”, pediu Monica, o que gerou um agrupamento para a selfie do
egresso e agora doutor João Paulo Hergesel. “Só podia ser leonino!”, brincaram
os presentes ao notarem o grande sorriso de João em primeiro plano para a
câmera.
Ao fim, com muitos abraços e conversas planejando as
próximas pesquisas, a egressa e mestra Vanessa Heidemann definiu o momento:
“Aqui, no nosso caso, já não é mais afeto, é vínculo”.
Serviço
As dissertações das mestras Leila Gapy, Gisele Gabriel
e Georgia de Mattos podem ser acessadas no site http://comunicacaoecultura.uniso.br/producao-discente/index.asp.
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