Relato do primeiro encontro do NAMI em 2019


Por Maria Fernanda Cavassani

            O primeiro encontro do NAMI – Grupo de Pesquisa em Narrativas Midiáticas, realizado no dia 25/03/2019, evidenciou os resultados das pesquisas de Vanessa Heidemann e Isabella Pichiguelli, além de apresentar o primeiro volume do e-book Afetos em Narrativas, que conta com diversos textos de pesquisadores de todo país dispostos a se debruçarem sobre um tema tão caro ao grupo: narrativas e afeto.
            A Prof.ª. Dra. Monica Martinez iniciou o encontro apresentando o NAMI aos graduandos presentes, que estavam participando pela primeira vez do grupo de pesquisa. Ela propôs uma reflexão em que pudéssemos pensar na importância da participação de todos os alunos em congressos, simpósios e ambientes de fomento à pesquisa e ao senso crítico.
A presença dos graduandos foi uma grata surpresa no encontro! Em tempos obscuros para a pesquisa no Brasil, é um alento ter jovens estudantes entusiasmados com o ato de pesquisar, com a possibilidade de aprender.
Vanessa Heidemann e Isabella Pichiguelli tiveram como foco apresentar os resultados de suas pesquisas na área da comunicação. Ambas se tornaram, recentemente, mestras em Comunicação e Cultura pela UNISO e tiveram suas pesquisas aclamadas e reverenciadas, não apenas pela qualidade daquilo que produziram, mas também pela excepcional metodologia de pesquisa aplicada. Apesar dos temas serem diferentes, há convergências importantes no que diz respeito aos métodos que utilizaram para alcançar seus objetivos.
O caminho até o mestrado de Vanessa foi marcado por uma curiosidade em aprender cada vez mais. Teve o primeiro contato com o programa através do amigo Tadeu Rodrigues Iuama – também mestre em Comunicação e Cultura pela Uniso e hoje doutorando em Comunicação pela Universidade Paulista – e começou a frequentar os eventos promovidos pela PPGCC. Matriculou-se como aluna especial e conhecendo os professores, as disciplinas e os colegas, chegou aos temas que dizem respeito às relações entre mídia e afeto.
Sua pesquisa, que leva o nome de “Processos de vinculação e redes sociais: um estudo sobre três comunidades de astrologia do Facebook”, tem na astrologia o seu objeto de análise, mas é no vínculo, no afeto, na complexidade que ela se solidifica.
Um tema como o de Vanessa não é simples de ser abordado, uma vez que ele apresenta diferentes perspectivas, crenças e pontos de vista. Portanto, a pesquisadora deixou claro a importância que foi pesquisar incessantemente sobre o tema. Além disso, ela relatou a importância das aulas, dos grupos de pesquisa, dos congressos e da troca com os colegas para construir, de forma substancial, sua dissertação.
Vanessa dividiu seu processo de pesquisa em alguns subtemas que, claro, se relacionariam com seu objeto. Trazendo contribuições da filosofia junto à comunicação, ela detalhou os autores que utilizou para desenvolver seu tema maior (confira a apresentação aqui). Evidenciou, também, o peso e a importância que os trabalhos dos professores do próprio programa tiveram em seu caminho acadêmico; proporcionando embasamento teórico, tirando dúvidas e contribuindo para solidificar sua pesquisa.
Por sua própria experiência, antes de finalizar a exposição de seu trabalho, Vanessa questiona os presentes sobre o fato de como os mecanismos de busca, naquilo que tange a pesquisa acadêmica, são falhos e acabam por tomar muito o tempo do pesquisador. A Prof.ª. Dra. Miriam sugeriu algumas possibilidades que poderiam facilitar tais buscas, como, por exemplo, escolher de forma coerente as palavras-chave. Foi dada, por Vanessa, a sugestão de proporcionar um curso que auxilie os alunos a pesquisarem de maneira mais eficiente, o que os presentes concordaram.
Na sequência, Isabella apresenta, de forma contundente, sua metodologia de pesquisa calcada na Análise de Conteúdo. Sua dissertação, intitulada “Gospel e secular no jornalismo: a antropofagia da popstora Baby do Brasil”, analisou, durante um período de tempo, como as matérias jornalísticas abordaram o retorno aos palcos de Baby do Brasil, que transita, ao mesmo tempo, entre o considerado sagrado e o considerado secular.
Isabella deixa claro que a análise de conteúdo exige grande dedicação do pesquisador, uma vez que cada etapa tem que ser minuciosa e detalhada. Em um primeiro momento, é realizada uma pesquisa flutuante, momento em que se observa o objeto de forma livre; posteriormente, é necessário definir objetivos e hipóteses iniciais que podem, ou não, serem confirmadas. Os passos para análise são iniciados no momento de delimitação do tema, considerando aspectos de temática e aspectos de finalidade; posteriormente, faz-se necessário organizar todo o conteúdo levantado, interpretar, apresentar as inferências e, finalmente, propor as considerações finais.
Após as apresentações, os presentes puderam fazer perguntas e reflexões. Um dos participantes convidou todos a pensarem em como melhorar a pesquisa no Brasil, sendo que os recursos são escassos, a Prof.ª. Míriam, junto à Me. Isabella, sugeriram que sempre os pesquisadores realizem revisões de literatura, busquem bons referenciais, submetam a produção aos pares e àqueles que têm maior domínio sobre o assunto. Ainda sobre as reflexões quanto a como otimizar as pesquisas, a Prof.ª. Monica reafirmou a importância do grupo de pesquisa, principalmente, no que diz respeito a conhecer outros projetos, autores, pensadores e, assim, criar mais corpo para a realização dos trabalhos.
O encontro contou, ainda, com a apresentação do primeiro volume do e-book Afetos em Narrativas, fruto do trabalho do grupo NAMI. O e-book traz importantes textos contemporâneos que podem, inclusive, auxiliar aos que estão buscando referências para produção de trabalhos.
Pode-se afirmar que o primeiro encontro de 2019 do Grupo de Pesquisa NAMI foi bastante significativo e reflexivo. Ouvir os processos de pesquisa e os caminhos trilhados pelas, agora, mestras, Vanessa e Isabella, foi fundamental para compreender como uma pesquisa acontece, quais os passos dados, as angústias superadas e o trabalho, ao final, apresentado e celebrado.


Presentes na primeira reunião do NAMI em 2019

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