Relato do último encontro do Nami em 2019 – A hora e a vez das mulheres!

Texto por Leila Gapy
Fotos por Leila Gapy, Vinícius Figueiredo e Monica Martinez


Os estudos de gênero nunca estiveram tão em evidência quanto neste século e assim como a necessidade do debate aprofundado os justificam, evidente nas relações diárias contemporâneas, a atual realidade nas pesquisas emerge após extensa jornada feminina. Sim, elas estão por elas. No último encontro de 2019 do Grupo de Pesquisas em Narrativas Midiáticas da Universidade de Sorocaba (Nami-Uniso), realizado no dia 2 de dezembro, no campus Cidade Universitária, as mestrandas Maria Fernanda Cavassani e Bruna Emy Camargo expuseram suas pesquisas debruçadas sobre duas outras brasileiras, expoentes em suas áreas, Laís Bodanzky, cineasta, e Dorrit Harazim, jornalista, respectivamente. E, num segundo momento, Camargo falou ainda sobre o apelo internacional nos artigos científicos e as coordenadoras do grupo, profas. dras. Miriam Cristina Carlos Silva e Monica Martinez, falaram das expectativas dos encontros do grupo em 2020. Confira!

A produção da mulher no cinema

Maria Fernanda Cavassani

Cavassani, que é orientada pela profa. Miriam, apresentou o projeto de pesquisa (2017/2020) intitulado "Cinema, poesia e mulher: a construção da figura feminina nas narrativas cinematográficas de Laís Bodanzky". O estudo tem por objetivo investigar e compreender como se dá a construção do feminino nas narrativas cinematográficas a partir do olhar da própria mulher enquanto produtora. Na oportunidade, Cavassani, que é formada em Letras pela Faculdade Metodista de Piracicaba e pedagoga pela Faculdade Sumaré, observou que para ela a Comunicação é um campo novo de estudo, mas completamente encantador, além vê-lo como único caminho para compreender o assunto que mais lhe inquieta, o papel da mulher na contemporaneidade estruturada pela sociedade patriarcal e como as narrativas cinematográficas podem mediar e ampliar esse debate.
"Essa realmente é minha inquietação. O papel da mulher, a construção desse feminino na atualidade. Eu sempre gostei muito de cinema, de repente eu descobri que sempre assisti a Bodanzky e que ela tem um olhar diferenciado para a mulher em sua obra. Então percebi que o cinema amplia os debates e eu poderia estuda-los", comentou a pesquisadora. Laís Bodanzky, que é brasileira e tem 50 anos, é uma das cineastas expoente em seu tempo. Paulistana, filha do cineasta Jorge Bodanzky, é formada em Cinema pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e soma nove produções, como Bicho de Sete Cabeças (2000) além de vários prêmios nacionais e internacionais. No entanto, Cavassani focará a análise fílmica no longa Como Nossos Pais (2017), o único trabalho da cineasta como diretora e também roteirista. Na obra, a atriz Maria Ribeiro encarna a personagem central chamada Rosa, uma mulher jovem que propõe debates contemporâneos femininos em torno de sua rotina como profissional, esposa, mãe, filha e mulher. A defesa de Cavassani está prevista para meados de 2020.

O olhar feminino em JL

Bruna Emy Camargo

Já Camargo, orientanda da profa. Monica, inclinou seus estudos (2019/2021) sobre o projeto "Jornalismo Literário, Mulheres e a Cobertura de Guerra: A Produção de Dorrit Harazim sobre a Guerra do Vietnã". A pesquisa busca compreender a participação da mulher, como repórter profissional, no processo de produção de jornalismo literário frente às coberturas de guerra. Recém-formada em Jornalismo pela Uniso, Camargo ementou o mestrado devido aproximação junto da academia por meio de três Iniciações Científicas sequenciais desenvolvidas na graduação. Período em que também estreitou o interesse pelo Jornalismo Literário, lhe apresentado em sala de aula e endossado numa palestra ministrada na universidade, em 2015, pelo professor dr. Edvaldo Pereira Lima, um dos principais teóricos e referenciais do JL brasileiro. "Meu percurso foi traçado pelo encontro com vários mentores, a maioria por professoras. Estudar o desempenho da mulher profissional me levou naturalmente à Dorrit", detalhou ela que já entrevistou a veterana.
"Engraçado como o encontro foi permeado de surpresas. Dorrit, que esteve em tantos lugares e narrou tantas histórias, ali, diante de mim, não se via como protagonista, propôs um bate-papo e apenas me acolheu", pontuou a pesquisadora destacando um dos principais pontos de seu estudo, a necessidade da voz feminina em produções masculinizadas. Dorrit Harazim tem 76 anos e é uma jornalista brasileira nascida na Croácia. Começou a carreira em 1966 em Paris, mas a convite de Roberto Civita veio ao Brasil para compor o time da revista Veja. Desde então tem inúmeros trabalhos de destaque que a tornaram uma das jornalistas brasileiras mais premiadas da atualidade. Porém, o recorte de  Camargo está na análise de conteúdo de três reportagens sobre a Guerra do Vietnã/Camboja. A pesquisa questiona se as mulheres produzem tanto quanto os homens e de que modo, partindo do entendimento da importância em dar voz ao feminino. A defesa de Camargo deve ocorrer no início de 2021.

Apelo científico e encontros futuros




Num segundo momento do encontro, a mestranda Bruna Emy Camargo foi convidada a falar sobre sua participação na oficina "Como fazer artigos científicos com apelo internacional", ministrada pelo prof. dr. Fábio Pereira (UnB) durante o 17º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (SBPjor 2019), que ocorreu em novembro em Goiânia (GO). A iniciativa teve por objetivo alinhar a produção discente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura (PPGCC-Uniso) com a proposta de internacionalização do Ministério da Educação via Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (Capes).
Na oportunidade, as coordenadoras do Nami, professoras Miriam e Monica, mencionaram a importância de diálogo com outros grupos de pesquisa brasileiros, que devem ser sedimentados em 2020, além de ampliação de produção e submissão de artigos a revistas para além do eixo Rio-São Paulo-Porto Alegre, além de localização e estreitamento de contato com pares internacionais por meio de participação em congressos no exterior. A fala foi endossada com a agenda do Nami para o próximo ano, que será ampliada de quatro (4) para seis (6) encontros, com datas ainda a serem definidas, mas que já visam a leitura do livro Tempo e Narrativa 1 – A intriga e a narrativa histórica, de Paul Ricoeur.

Serviço
O Grupo de Pesquisas em Narrativas Midiáticas da Universidade de Sorocaba (Nami/Uniso/CNPq) é aberto à participação gratuita da comunidade, bem como de acadêmicos interessados. Os encontros acontecem sempre nas dependências do campus Cidade Universitária da Uniso, na Rodovia Raposo Tavares, km 91, Sorocaba (SP).
A agenda de encontros e respectivos assuntos, bem como informações sobre datas, horários e salas de realização são regularmente postadas neste blogue e estão disponíveis também pela página do grupo no Facebook.
Para 2020 a leitura sugerida será do livro "Tempo e Narrativa 1 – A intriga e a narrativa histórica", de Paul Ricoeur. As demais referências teóricas do grupo estão neste aquiAs docentes responsáveis são as profas. dras. Miriam Cristina Carlos Silva, Monica Martinez e Tarcyanie Cajueiro.

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